"(...) nos filmes pornográficos, embora possa haver encenação de prazer, não há ‘ficcionalização’ do ato sexual, todo sexo lá é real – no sentido de que é explícito, não simulado, embora a representação da sensação de prazer possa ser fake: imagens de penetração, felação ou ejaculação são hiper-realistas. (...) A pornografia pretende atingir o mito do realismo total, de querer organizar em linguagem o mundo sensorial do sexo, o aspecto cru das coisas. (...) Contudo, podemos salientar que, por mais que o performer sexual se envolva no ato explícito, a imagem pornográfica será, em sua representação total, tendenciosa ao universo (dis)simulado, pois necessita da fantasia e da ficção para se afirmar. (...) Geralmente, é atribuído a ela um valor pejorativo e negativo, como se abordasse o perigo, o sexo ilegal, a subversão do estabelecido.  Diferente do erotismo, mais associado ao sensorial, ela é usualmente relacionada aos prazeres do corpo, à deflagração sexual, à exploração explícita do prazer, ao consumo, ao mundo da prostituição e da excitação efêmera."

 (GERACE, 2015, p. 35-36; 41, grifos do autor)