"Inquieto com um ruído qualquer, voltei a vestir as calças e dirigi-me para os Espelhos: lá voltei a encontrar a luz. No meio de um enxame de raparigas, Madame Edwarda, nua, deitava a língua de fora. Para meu gosto, era deslumbrante. Escolhi-a e ela sentou ao pé de mim. Mal tive tempo de responder ao criado; agarrei em Edwarda, que se abandonou: as nossas duas bocas misturaram-se num beijo doente. A sala estava apinhada de homens e de mulheres, e tal foi o deserto em que o jogo se prolongou. Houve um momento em que sua mão deslizou, eu quebrei-me de repente como um vidro e estremeci dentro das calças; senti que também Madame Edwarda, cujas nádegas continha nas minhas mãos, estava ao mesmo tempo dilacerada: e nos seus olhos bem abertos, revirados, o terror; na sua garganta um longo estrangulamento." 

(BATAILLE, 1978, p. 26)