"Em vez do dualismo ‘erotismo versus pornografia’, que é uma estratégia da indústria audiovisual para lucrar o máximo possível dividindo o público em ‘convencional’ e ‘subterrâneo’, e, a partir daí, entregar mercadorias que ‘coagulam’ o sexo, propomos uma divisão entre filmes ‘conformados’ e ‘libertários’. É ‘conformado’ todo filme que representa o sexo de acordo com as conhecidas estratégias do ideal ascético (sexo com prazer deve ser punido) e da desumanização das relações (sexo plástico, sem qualquer emoção). É ‘libertário’ todo filme que representa o sexo com embriaguez, que respeita o caráter transcendente do erotismo, que consegue registrar os movimentos dos corpos na busca dos adornos estéticos que permitem uma relação amorosa mais duradoura depois de esgotados os momentos de paixão febril e animal. É libertário o filme que consegue escapar do jugo mercadológico e propor ao espectador uma narrativa que contenha uma visão pessoal, subjetiva e apaixonada do cineasta pela história e pelas suas personagens."

 (GERBASE, 2006, p. 45)