"O correio elegante era uma prática codificada no palácio [japonês], e envolvia a troca de bilhetes amorosos antes e depois do ato sexual. O caráter dessa correspondência era uma combinação instável de informações privadas (pois se esperava que o texto fosse guardado em segredo pelos amantes) e público (pois muitas vezes a expectativa do segredo era frustrada, a mensagem interceptada, e a sua qualidade artística discutida por todos da corte, chegando a ser imortalizada nos diários e nos álbuns das damas elegantes). O conteúdo desses bilhetes devia incluir alusões intertextuais a poetas do passado, para demonstrar a superioridade intelectual da autora da missiva; era melhor ainda se a cartinha incluísse um poema inédito de sua autoria ou de uma das damas de seu entourage."
(CUNHA, 2015, p. 34)